Carta contida no livro Cristo e a criatividade de Michael Card
O Dr. Harold Best é professor emérito de música e reitor emérito do Conservatório de Música Wheaton College. Organista e compositor, ele tem sido um mentor e modelo para músicos, artistas e líderes religiosos. Ele também atuou como presidente da National Association of Schools of Music e escreveu extensivamente sobre questões de currículo, cultura e políticas educacionais. Ele é o autor de Adoração incessante: Perspectivas Bíblicas sobre Adoração e Artes e Música Através dos Olhos da Fé.
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Não se esconda atrás do ministério como uma maneira de destacar ou sacralizar o que você está fazendo. Para um cristão autêntico, o ministério é simplesmente uma outra palavra que define o viver uma vida de constante adoração e testemunho. Assim, não separe o ministério como se ele trouxesse algum prestígio especial ou místico aos atos comuns de serviço, quer por meio de sua arte, quer por meio de suas tarefas diárias. Não esqueça que o menino Samuel agia de modo correto quando as Escrituras descrevem-no como ministrando ao Senhor. Essa é uma outra maneira de falar a respeito de Maria (ou um de nós) derramando perfume sobre os pés de Jesus. O verdadeiro ministério é, acima de tudo, para o Senhor. Avaliá-lo assim nos libera de colocarmos tanta dependência sobre o que fazemos e nos autoriza a depender daquilo que somente Jesus pode fazer. Em outras palavras, nosso ministério é verdadeiramente um ministério quando retiramos a responsabilidade de sua eficiência do dom e a transferimos para o Doador, da ação para o Ator. Há uma grande diferença entre a sua arte, sobre a qual você espera ministrar, e o Senhor, de quem se espera que ministre enquanto você faz a sua arte. Uma vez que isso é compreendido, a arte torna-se plena em si mesma, em vez de ser moldada de acordo com o que pensamos que irá ministrar. Aquela é liberdade, enquanto esta é frequentemente, não mais que pesquisa de mercado sentimentalista, aspergida com água benta.
Não se esqueça das crianças. Se você é um cantor que atrai grandes plateias e vende bastante CDs, mas para isso abusa de sua voz, lembre disto: um sem-número de crianças e adolescentes admiráveis irão adotar o seu abuso como norma. Se estiver fazendo isso, não fale contra as drogas, o tabaco ou a violência infantil até que tenha limpado sua própria garganta. Se o seu talento ou potencial mercadológico for tal que você possa facilmente ficar na estrada o tempo todo, pense bem. Pense na fama como um meio muito eficiente de desaparecer como um simples indivíduo e passar a integrar o mundo que idolatra o exagero e a extrapolação, Pense também acerca do valor de estar em casa e tornar-se alguém de quem nossa cultura tanto precisa: um herói local, caseiro, Isso significa gastar seu tempo como um servo desmitologizado, alguém com quem as crianças possam bater bola e os jovens possam aprender, e por quem pastores experientes e poderosos, além de membros de comissões de música, possam ser corrigidos.
Lembre que as pessoas com maior tendência natural à diversidade em nossa cultura são as crianças bem pequenas. Essas pequenas imagens de Deus podem de uma só vez aprender várias línguas, podem dormir ou dançar com facilidade do som de Bach, tanto quanto ao som de Cajun, Prokofiev ou Satchmo. Elas de algum modo sabem por que os egípcios da antiguidade ou Picasso desenhavam pessoas e árvores do modo como desenhavam, elas improvisam constantemente e estão sempre perguntando: por quê? Não se junte àqueles que, ao lado de seus sistemas educacionais corruptos, limitam tudo isso a rotinas estabelecidas, que fingem, juntamente com todos os produtores do jeito Disney de ser, que a realidade está a distância apenas do próximo desenho, ou a alguns poucos passos mágicos, no caminho de um castelo encantado. Deixe que as criancinhas se desenvolvam envoltas na maravilha de terem sido feitas à imagem de Deus, conduza-as a Jesus, que por meio de sua palavra poderosa e a partir de sua imaginação infinita trouxe à vida milhares de formas, texturas, cores e sons naqueles primeiros dias da criação. Em um dos mais empolgantes de todos os paradoxos educacionais, tente imitá-las, mesmo quando as estiver liderando, e não se surpreenda se a fé e a franqueza delas superarem a sua. Acima de tudo, cuide delas mesmo modo que o Cristo em você cuidaria se Ele e você fossem trocar de lugar,
Com altas esperanças em você,
Harold M. Best